"Falar com 'Deus' é oração (?!); já ouvi-lo responder... é esquizofrenia."

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Choramingos de quem trilha... um caminho sem volta? (soneto)

Handall Fabrício Martins



Acho que era feliz e não sabia.
"De quem falas? De ti? Dele? Ou de ambos?"
De mim, e dele; da noite, e do dia;
de trevas, e luzes, de meus molambos.

Ele, de muito pensar, se enfastia;
eu, prossigo de cá com meus escambos:
troquei coisas que trocar não cabia,
fiquei co'aquelas que servem aos "rambos"...

Meu mundo era densamente "habitado":
deuses e deusas; anjos e demônios.
Hoje? Um universo sem sentido...(?!)

Daquele "cosmo" fui desalojado -
pois, como conviver com meus neurônios?
Chaga de morte? Dela eu fui ferido.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Pra me fazer entender

Vou publicar novamente um texto por mim escrito no/para o blog. E a razão é simples: dar uma explicação - pelo menos àqueles que perceberam - ao fato de eu ter mudado um verbo na descrição do blog. Até outro dia, constava ali "teologando em dialogia,...". Atualmente, verifica-se "antropologando em dialogia,...". Achei que a mudança tornaria a descrição do blog mais coerente com sua proposta. Pra dizer a verdade, eu modificaria algumas - senão muitas - coisas nesse texto, mas, enfim, para a finalidade a que ele se propõe aqui, creio que não preciso mudar nada. Eis o texto (atentem, principalmente, para o terceiro parágrafo):

(Handall Fabrício Martins)

No meu “Estatuto dos Poetas”, deixei implícito – para alguns, talvez, bem claro – que a teologia é (também pra mim) apenas mais uma das várias maneiras possíveis de se encarar, interpretar e descrever a realidade; mais uma ao lado de outras, como a história, a antropologia, a sociologia, etc. É o que muitos chamam de “reserva de sentido” ou, ainda, “cosmovisão”, “mundividência”; “visão de mundo”, portanto. Assim, o que me proponho a fazer é “pensar a realidade teologicamente, a partir dos referenciais ‘Bíblia’ e ‘cristianismo’”.
Creio (e vou logo avisando que não sou uma exceção; não, sou apenas mais um dentre tantos) ser impossível “falar de Deus”, como pode sugerir o vocábulo “teologia”. Tradicionalmente, sempre se falou em teologia a partir do significado etimológico do vocábulo de origem grega: Theós (Deus)+ logía (estudo, descrição). Logo, assim, teologia seria “a ciência ou estudo que se ocupa de Deus, de sua natureza e seus atributos e de suas relações com o homem e com o universo”. Mas, tendo em vista que é impossível colocar Deus num microscópio, dissecá-lo, ou analisá-lo como uma realidade objetiva, tampouco é possível “falar de Deus”.
Não obstante isso, é plenamente viável analisar as “experiências” (digamos assim, na ausência de termo mais preciso) que o ser humano tem com o “numinoso”, “transcendente”, “divino”, “absoluto” ou outro predicado qualquer que venha a ser atribuído ao “totalmente outro” a quem se convencionou chamar de “deus (Deus)”. É o fenômeno religioso que pode ser objeto de análise, seja em âmbito individual ou coletivo, seja em nível institucional ou particular. Logo – alinhando-me a Feuerbach –, acredito que não existe, de fato, teologia. O que resta, então, é apenas e tão somente antropologia, pois o homem só pode lidar com aquilo que lhe é próximo, contíguo.
Engraçado, isso: começamos por teologia e terminamos com antropologia. Não seria, então, o caso de falarmos em Ciências da Religião? Talvez. A teologia tradicional mesma - cristã, claro, que é a única que pode ser assim chamada; as demais só o são por analogia - tem de necessariamente lançar mão de uma gama de saberes científicos para fazer aquilo a que ela se propõe: sistematizar (ou, como muitos preferem, tematizar) o estudo da Bíblia e do cristianismo. Essa mesma teologia cristã, pra mim, na verdade, é simplesmente o produto de se submeter a Bíblia, o cristianismo e tudo o que lhes são correlatos a critérios definidos pelas chamadas "ciências bíblicas". Mas a teologia tem um componente de fé e de tradição que atrapalha que ela tenha um dos critérios imprescindíveis às ciências: a isenção e a imparcialidade, a neutralidade (pelo menos, pretensão de).
A relação entre teologia e ciências da religião é incontestável, íntima, porém, difícil de definir e nem sempre amigável; às vezes, tensa. Essa discussão foi inaugurada há anos e parece não ter data próxima pra acabar. E o debate é tão extenso que sequer me aventuraria aqui a falar dele. Então, prossigamos.
Bem, visto ser a Bíblia um dos meus referenciais, reporto-me agora ao “Livro dos Inícios” – o “gênesis” bíblico – para corroborar o que virá a seguir. Ali é dito que “Deus criou o ser humano à sua própria imagem e semelhança (o que denota nossa “divindade”); ‘macho’ e ‘fêmea’ os criou” (o que expõe nossa animalidade). Ora, se foi o ser humano feito imagem e semelhança de “Deus”, “Deus” é, inequivocamente, imagem e semelhança do ser humano. Daí, nada mais corriqueiro e natural do que concluir – como Feuerbach – que, na verdade, “o ser humano criou ‘Deus’ à sua própria imagem e semelhança”. A religião, a teologia e, em última instância, "Deus" (ou "Uno", "Absoluto", "Primeiro Motor Imóvel", "Arquiteto do Universo", "Mente Superior"), são consequência de o homem ser dotado de linguagem e de ser um "animal cultural". Tudo é fruto da cultura, a qual é condicionada geográfica e historicamente. E sendo a Bíblia e suas interpretações, ambas, empreendimentos humanos...
Desculpem-me se fui abrupto ou depressa demais aqui, mas, penso que a verdade é mais verdade quando dita de forma “nua e crua”, sem “amaciar”, digamos assim. Prefiro os “tratamentos de choque” aos “discursos paliativos” ou às “doses homeopáticas” que só postergam – pra não dizer anulam qualquer possibilidade de – o conhecimento da verdade. Ora, não é assim: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”?

domingo, 18 de novembro de 2012

Notinha de Jornal 2

Em tempo:

Evangélico vota em quem é contra o casamento gay. Ponto. Pronto.

sábado, 17 de novembro de 2012

Notinha de Jornal


Saiu na coluna do Giba Um, em "A Tribuna" (ES), de 14/11/2012:

"A Frente Parlamentar Evangélica resolveu contar os votos dos 150 candidatos 
gays nas eleições municipais. O país teria quase 10% de sua população GLBT e eles receberam 106 mil votos. Para o pessoal da frente, gay não vota em gay."
Que coisa ridícula. Típica da crentalha que só faz macular ainda mais a imagem de nossas casas de leis (a exemplo de inúmeros episódios amplamente noticiados pela imprensa, apesar de se arrogarem os arautos da moral, da ética e dos bons costumes). Essa tal "frente" podia também contar os votos dos evangélicos. Iria constatar que evangélico também não vota em evangélico.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A justiça é cega. Será mesmo?

Saiu no jornal "A Tribuna" (ES), de 09/11/2012 (p.43) 

"PROCESSO CONTRA JUIZ É ARQUIVADO POR UNANIMIDADE"

O que me chamou a atenção foi uma fala do relator - ao referir-se ao juiz réu no processo -, assim registrada no jornal: "Ele estava no lugar errado, no momento errado, com as pessoas erradas". 
Recentemente, em julgamento bastante badalado, alguns réus foram considerados culpados, com palavras semelhantes utilizadas pelo também relator do processo. Com a seguinte diferença: o raciocínio/argumento - idêntico, por assim dizer -, no segundo caso, serviu não apenas de indício, mas de prova "contundente". 
Ou seja: o mesmo indício pode virar "prova" e dar causa a uma condenação ou ser tratado como o que, de fato, é - mero indício -, ensejando uma absolvição. Interessante, não? "In dubio pro reo"? Há! Não, senhores. Aos amigos (as brechas da), a lei; aos inimigos, os rigores da lei.

domingo, 4 de novembro de 2012

Revanche do Bem (soneto)


Handall Fabrício Martins
(dedicado a um "devoto mensageiro das Boas-Novas")


Contado entre os mais reles meliantes,
fez-se mandatário do "Pai das Luzes".
Ensimesmou-se, porém, nunca dantes
pior que ele passou ali. Cruzes!

Como se fossem ovelhas errantes,
tratou gente de bem: pôs-lhes capuzes
por "proteção"; entretanto, abundantes
manipulações. Pensou: "Avestruzes!"

Sua estada mui breve será finda.
Oras, "o homem não colhe o que planta"?
Suportá-lo? Mui pouco tempo ainda.

Que fim teria um tal sacripanta,
senão ter a cabeça na berlinda?
(...)
Maldade ao termo, embora seja tanta.