"Falar com 'Deus' é oração (?!); já ouvi-lo responder... é esquizofrenia."

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fundamentalismo evangélico - ameaça à democracia

disponível em: http://palavraaberta.com.br/fundamentalismo-evangelico-ameaca-a-democracia/

Alguns dias atrás, a pedido do autor, retiramos um artigo do rev. Carlos Eduardo Calvani, pois o mesmo repercutiu de tal forma em Campo Grande, tanto de forma positiva quanto negativa, que ele e sua família e a comunidade começaram a receber ameaças. O artigo acabou sendo até tema de discussão na câmara dos vereadores.
Mas no sentido de seu dever com o ministério profético, o rev. Calvani nos enviou novamente o artigo para que seja publicado. Parabéns rev. Calvani e família, parabéns comunidade da Paróquia da Inclusão, pela coragem no exercício deste tão importante ministério.
Aproveitamos para solicitar aos leitores, que colaborem com a missão da Paróquia da Inclusão a URL do site da Paróquia da Inclusão é:
Segue o artigo.
No dia 26/08, feriado municipal, a Prefeitura de Campo Grande organizou uma “Marcha para Jesus”. O Diário Oficial do Município publicou dias antes os recursos públicos empenhados pela Prefeitura para financiar a Marcha através da contratação de carros-de-som, cantores gospel, etc. Na mesma semana escrevi um texto sobre o assunto e o divulguei na mídia virtual. O site “Campo Grande News” o publicou com cortes alegando ser muito extenso e concentrando-se apenas na questão política.
            Os cortes editoriais do “Campo Grande News” prejudicaram o entendimento do texto que faz uma crítica específica ao Fundamentalismo Evangélico e não a todos os evangélicos (conforme está escrito no texto maior e original que, inclusive, reconhece e cita teólogos evangélicos que também criticam Brasil afora o avanço desse movimento, e documentos do CONIC, Koinonia, Fé-Brasil, etc). Todos os comentários negativos que recebi apenas serviram para confirmar a ideia central do texto. Estou firme na convicção de que somente pessoas ingênuas que acreditam (ou mesmo concordam) com Malafaia, Feliciano, Waldemiro, Edir Macedo, etc, é que reagiram negativamente.
            Em virtude das reações iradas, telefonemas anônimos e emails ameaçadores, optei por retirar temporariamente da internet o site da Capela da Inclusão, a fim de preservar as fotos e imagens de nossa comunidade, especialmente das crianças. Levei à Delegacia de Polícia Civil um email ameaçador cujo I.P. foi identificado como procedente do escritório de uma Igreja Pentecostal da cidade. A referida “igreja” foi comunicada e alertada que se novas ameaças se repetissem seria aberto um B.O. No domingo dia 01 realizamos o culto na casa de uma de nossas famílias, seguido por confraternização. O apoio da comunidade foi claro e visível, com participação maciça, pois muitos já tinham lido o pequeno livro do CEBI “Fundamentalismos – relação entre Religião, Política e Direitos Humanos”, distribuído à comunidade pelo Bispo Naudal quando de sua visita. Além disso, após a avalanche de comentários contrários ao nosso posicionamento, nos últimos dias aumentou consideravelmente o número de comentários favoráveis, alguns inclusive dizendo: “achei que o reverendo estava sendo exagerado, mas agora estou vendo que ele estava certo”.
            Algumas pessoas, embora concordem com o conteúdo não apreciaram o estilo e a forma. Esclareço que o estilo redatorial acompanha uma das propostas da Teologia Narrativa, muito estudada nos meios acadêmicos. A Teologia Narrativa propõe, entre outras coisas, que o estilo de comunicação da Igreja deve ser o mesmo das Escrituras. Ou seja, partindo da compreensão das formas literárias bíblicas, a comunicação cristã com a sociedade para ser mais eficaz deve evitar os longos textos acadêmicos e adotar um estilo que adapta o conteúdo à forma. Assim, por exemplo, textos de glorificação e exaltação devem ser escritos como doxologias; textos de oração, súplica e lamentação devem acompanhar o estilo dos Salmos; textos históricos devem acompanhar o estilo bíblico de narrativas, sagas, lendas, etc; textos de cunho catequético e pastoral devem seguir o estilo das Epístolas; textos de cunho apocalíptico devem acompanhar também esse estilo e naturalmente, textos de denúncia devem seguir o estilo literário dos profetas. Meu texto foi escrito de acordo com esses parâmetros – linguagem curta, direta, com avisos e advertências. Sempre lemos os textos proféticos na liturgia e os elogiamos e admiramos. Não deveríamos ter medo de utilizar o mesmo estilo quando necessário.
            Em relação ao conteúdo do texto, não tenho qualquer motivo para voltar atrás. Em muitas de nossas reuniões ou em conversas de bastidores, muitos de nós comentamos e lamentamos o avanço do Fundamentalismo evangélico, mas às vezes falta-nos coragem para denunciá-lo. Aliás, isso foi comentado na última reunião da JUNET quando acompanhamos uma breve reflexão do Prof. Bittencourt sobre os avanços do Fundamentalismo Religioso. Os acontecimentos recentes no Egito revelam o quão perigoso é o extremismo religioso, independente da tradição religiosa. Os fundamentalismos islâmicos, cristãos, judeus e hindus já deram provas suficientes de serem uma gestão autoritária da fé e da religiosidade. Isso está muito bem documentado, inclusive em textos do CEBI, Fé-Brasil e outros, que são lidos e estudados em nossas comunidades.
            Devo informar também que a polêmica causada em Campo Grande está ligada a questões políticas locais. O prefeito de Campo Grande é oriundo do jornalismo policial estilo Ratinho e foi eleito com apoio das igrejas evangélicas locais. Atualmente está respondendo a vários processos e há uma proposta de CPI circulando na Câmara para cassá-lo. O vice-prefeito é pastor pentecostal intimamente ligado ao grupo de Silas Malafaia e Feliciano. Grande parte da bancada de apoio ao prefeito é formada também por pastores pentecostais da IURD, Assembléia de Deus e outras igrejas menores. Essa informação é importante para avaliarmos que a repercussão do texto não foi apenas por motivos religiosos, mas políticos (inclusive o texto foi alvo de comentários em uma sessão da Câmara de Vereadores na mesma semana). Hoje mesmo (05/09) está acontecendo um movimento popular de ocupação da Câmara exigindo transparência e outras. (notícias já estão sendo divulgadas nos sites da cidade).
            Finalmente, expresso meu agradecimento a todas as irmãs e irmãos da IEAB e de outras Igrejas evangélicas (de Campo Grande e de outros lugares) que enviaram mensagens de apoio. Lamentamos apenas o fato de estarmos tão isolados e distantes, mas as mensagens de apoio que chegam de longe nos asseguram que não estamos sozinhos. Falta-nos apenas uma articulação nacional mais estruturada e corajosa para fazer frente ao avanço do Fundamentalismo.
Estou consciente de que, no momento, é hora de silenciar um pouco, pois a comunidade é pequena e temporariamente já incomodamos demais os poderes estabelecidos. Mas estamos vigilantes, acompanhando o que ouvimos no Evangelho domingos atrás: “vocês sabem identificar os sinais no céu, mas não conseguem identificar os sinais de nossa época?”. As muitas palavras de apoio recebidas nos fazem acreditar que, de alguma maneira, cumpre-se em nossa comunidade a mesma acusação dirigida aos missionários cristãos em Tessalônica: “aqueles que estão incomodando o mundo chegaram à nossa cidade” (Atos 17.6).
Confira abaixo o texto original:
Fundamentalismo evangélico – ameaça à democracia”
 Campo Grande não merecia, na comemoração dos seus 114 anos de emancipação, o desprazer de assistir a tal “Marcha para Jesus” organizada por pastores-políticos e políticos-pastores reunindo cerca de quarenta mil fanáticos para ouvir o “mais do mesmo” – as bobagens retrógradas de Silas Malafaia, Robson Rodovalho e outros – “nós vamos tomar os meios de comunicação e as redes sociais”. Em outros tempos, tal frase seria compreendia como ameaça de golpe político.
O termo “evangélico” hoje foi cooptado por grupos radicais e já não expressa seu real sentido
Que vergonha imaginar que no Brasil, entre os anos 40 e 60, o termo “evangélico” designava cristãos que optavam por viver sua fé fora da Igreja Católica Romana, pautando-se pelos princípios da Reforma Protestante do século XVI. Naquela época a palavra “pastor” impunha autoridade e respeito até mesmo entre os católicos-romanos. Pastor era símbolo de alguém honesto, sábio, conhecedor das Escrituras e capaz de dialogar em ambientes universitários. Sim, as igrejas evangélicas eram conservadoras, mas não eram fanáticas. Não se viam pastores pulando e esbravejando nos púlpitos; os cultos sóbrios não eram “shows da fé”; ninguém ousava cobrar prosperidade material de Deus, mas entendia que o estudo, o trabalho honesto, a moderação nos gastos e a liberalidade trariam consequentemente melhorias na vida familiar e financeira.
Nos anos 70, as igrejas protestantes sérias, preocupadas com seu baixo crescimento quantitativo, começaram a abrir a guarda para os pentecostais. Esperavam que todo aquele ânimo revertesse em crescimento. Os pastores que não aceitavam o ridículo pentecostal eram chamados “tradicionalistas”. Mas eles estavam certos. O movimento pentecostal das classes mais pobres e o carismatismo reacionário da classe-média só trouxeram prejuízos para as Igrejas Protestantes. O zelo pela educação teológica foi deixado de lado; afinal, era preciso “pegar leve” com os coitadinhos que não conseguiam estudar teologia, línguas bíblicas, liturgia, etc… As Igrejas Protestantes chocaram ovos de serpente em seu meio; criaram cobras e agora não sabem como deter sua proliferação. Todas as iniciativas institucionais para criar um mínimo de ordem através da antiga Confederação Evangélica Brasileira ou AEvB (Aliança Evangélica Brasileira) foram tomadas de assaltos pelas hordas e legiões fanáticas, capitaneadas por pastores poderosos. Os resultados visíveis foram os múltiplos cismas e divisões dentro das igrejas históricas e a constante subdivisão de igrejolas de porta-de-esquina.
Hoje as palavras “evangélico” e “pastor” designam exatamente o oposto – ambição desenfreada; uso abusivo do nome de Deus em vão; mantras ridículos repetidos exaustivamente e atribuídos ao Espírito Santo; constantes reportagens na mídia sobre pastores fraudulentos que exploram a boa-fé das pessoas mais humildes ou que se aproveitam da ignorância da classe-média depressiva e consumista. Os protestantes “tradicionais” agora até evitam usar o termo “evangélico” por vergonha de se identificarem com os que se apoderaram desse termo. Os “evangélicos” de hoje não são evangélicos. São oportunistas ávidos pelo poder na sociedade. Esse movimento fanático e extremista nada tem a ver com os princípios da Reforma Protestante ou com Igrejas sérias e tradicionais.
fundamentalismo

Após terem se infiltrado em várias igrejas, tentam também se infiltrar na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. São acolhidos em nossas paróquias mas não querem mudar seus princípios. Ao contrário – querem mudar a Igreja que os acolheu. Reclamam do Livro de Oração Comum; reclamam da Liturgia; reclamam dos hinos; reclamam do ministério episcopal; menosprezam os sacramentos; desdenham da educação teológica séria; criticam os valores éticos que defendemos; ironizam e fazem piadas de nossos irmãos e irmãs gays e lésbicas, passam por cima dos cânones alegando que o que importa é o “Espírito” e não a letra… e nem sempre encontram autoridades dispostas a coloca-los em seu lugar. Não tenho dúvidas: pessoas ligadas a esses movimentos ditos “evangélicos, carismáticos e pentecostais” só contribuíram para abaixar o nível do ministério anglicano no Brasil.
Há uma longa tradição no anglicanismo de luta contra o fundamentalismo. O movimento puritano que quase destruiu a Igreja da Inglaterra levou a uma guerra civil, destruiu templos, imagens, órgãos de tubos e exilou bispos. Porém, sempre houve os que resistiram e, ao final, o fundamentalismo foi derrotado pelo bom senso. Mais recentemente é o bispo John Spong que tem levantado essa bandeira nos Estados Unidos. Mesmo que muitos não concordemos com algumas de suas exegeses é preciso reconhecer o valor do ministério desse bispo em ser um dos poucos que publicamente protestava contra o fundamentalismo.
O fundamentalismo religioso busca o poder político
O movimento evangélico hoje é um dos maiores perigos para a sociedade brasileira e o Estado Laico. Malafaia, Feliciano, Rodovalho, Macedo, R.R. Soares e outros nomes menores que estão despontando (e outros que ainda despontarão) são a pior espécie de fanatismo religioso possível. Alguém em são consciência e com um mínimo de instrução ou sensibilidade consegue acreditar neles e em seus discursos? Somente os analfabetos funcionais, que pouco lêem (aliás, sequer a Bíblia lêem) os apoiam.
Em 1994 quando organizaram a primeira “marcha para Jesus” na cidade de Londrina (PR), escrevi um artigo no jornal da cidade dizendo que aquela manifestação era sociologicamente igual às “paradas gays” – expressão de um grupo que queria visibilidade. Na época eu lecionava em um Seminário Evangélico. No mesmo dia em que o artigo foi publicado, os organizadores foram lá, exigir minha demissão. Um deles era um presbítero que injetava dinheiro na denominação e posteriormente foi preso várias vezes por contrabando e envolvimento em cartel de postos de gasolina; o outro era médico, e no ano seguinte foi cassado no CRM do Paraná por praticar atos libidinosos em suas pacientes. Mas estavam lá, liderando a “marcha para Jesus”. Portanto, esqueçam qualquer possibilidade de contra-argumentação razoável. Eles não entendem o significado das palavras “dialética’, “princípio do contraditório”, “direito à liberdade de opinião”. Eles sempre tentarão calar todos que não concordam com eles. Afinal, “Deus” fala com eles diretamente.
Não estou escrevendo nada de muito original. Ricardo Gondim há algum tempo escreveu um belo artigo intitulado: “Deus nos livre de um país evangélico” (http://www.ricardogondim.com.br/meditacoes/deus-nos-livre-de-um-brasil-evangelico/ ); Ricardo Quadros Gouvêa, outro grande teólogo publicou tempos atrás o excelente livro “O Anticristo” (estudo exegético, histórico e teológico sério e criterioso com profundas implicações práticas em relação a tudo isso que escrevi acima). O pastor batista Ed René Kivitz também tem feito constantes denúncias. O grupo “Triângulo Rosa” divulgou outro excelente texto na época da polêmica “Feliciano” (http://ciatriangulorosa.info/?p=329 ), o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) já se pronunciou, juntamente com outros movimentos cristãos… parece que de nada adianta. Os “evangélicos” não lêem. Se lêem, não entendem.
Não nos iludamos. Os evangélicos têm um projeto de tomada de poder na sociedade brasileira. Eles já atuam subterraneamente. No Rio de Janeiro há inúmeras denúncias de “pastores” que se aliam a traficantes que os protegem e usando de seu “poder simbólico”, solicitam aos traficantes que proíbam cultos afro-brasileiros em regiões por eles dominadas. Os evangélicos têm um projeto político muito perigoso para o Brasil. Utilizam as Escrituras Sagradas do modo como lhes convém, para interferir na Comissão de Direitos Humanos, para propor ou alterar leis e infringir descaradamente as cláusulas pétreas da Constituição Federal. Eles se infiltram nos partidos e conseguem ser eleitos para cargos no executivo e no legislativo. Mas eles não têm fidelidade partidária nem princípios sociais claros. São mesquinhos e egoístas. Seus princípios são os da promiscuidade “igreja-estado”. No fundo, o que desejam é acabar com as manifestações religiosas com as quais não compartilham, sejam elas católico-romanas, espíritas, do candomblé, umbanda ou de qualquer outra religião que não a deles; desejam interferir na orientação sexual privada das pessoas “em nome de Deus”; fazem acusações levianas de que o movimento LGBT deseja acabar com as famílias; querem dominar o Ensino Religioso nas Escolas Públicas e, se conseguirem tomar o poder, não hesitarão em se infiltrar nas forças armadas utilizando o potencial bélico brasileiro para seus objetivos.
Sim, matarão se for preciso, invocando textos bíblicos; sim, destruirão o “Cristo Redentor” e qualquer outro monumento de outra religião; sim, se tiverem pleno poder proibirão o carnaval, festas juninas, romarias marianas, terreiros de candomblé e exigirão conversão forçada a seu modelo de vida e à sua religião; o fundamentalismo que os inflama não terá qualquer restrição em proibir shows populares, biquínis nas praias e utilizarão armas químicas para fazer valer seus ideais. Viveremos um “talibã evangélico”, com homens com o mesmo olhar raivoso de malafaia, e gays internados em campos de concentração para que sejam “curados”. Acham que estou exagerando? Deixem que eles tomem o poder e verão se o nosso futuro não será esse – preparem as burcas:

Rev. Carlos Eduardo Calvani  é mestre em teologia, coordenador da JUNET e exerce ministério missionário em Campo Grande MS.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Da série: "Quem manda aqui sou eu!" - de Joaquim Barbosa e sua megalomania (2)

Com vocês, o supremo presidente do Supremo Tribunal Federal. Hum, mas quanta supremacia, não?



Da série: "Quem manda aqui sou eu!" - de Joaquim Barbosa e sua megalomania

Barbosa acusa Lewandowsky de fazer chicana. Assistam o vídeo.



Em homenagem ao Supremo presidente do Supremo (discurso do Senador Fernando Collor de Mello, muito oportuno)

O título é irônico, eu sei. Mas a verdade é que estamos vivendo, novamente, uma crise republicana e institucional em nosso país. O próprio Estado Democrático de Direito brasileiro está sendo posto em xeque. Quem é Joaquim Barbosa para dizer que o Legislativo brasileiro é refém do Executivo? Como pode ele achincalhar partidos políticos, como tem feito? Como pode ele desrespeitar a principal autoridade do país, a presidente Dilma? Como pode ele usurpar a função legislativa originária do Congresso e achar que isso é normal? Como pode ele querer exercer competências que não são do Judiciário? É, amigos, temos um déspota no STF. E pensar que tem maluco por aí que diz que votaria nele, caso ele fosse candidato a Presidente, dada a repercussão do "maior julgamento da história do Brasil, o 'mensalão'" (graças a Zeus um magistrado não pode concorrer a cargo eletivo!)


sábado, 27 de julho de 2013

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Funcionária da Receita foi condenada por sumir com processo da Globopar

por Luiz Carlos Azenha* (com TC)

A funcionária da Receita Federal Cristina Maris Meinick Ribeiro foi condenada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro por, entre outras coisas, dar sumiço nos processos que eram movidos pela Receita Federal contra a Globopar, controladora das Organizações Globo.
Um dos processos resultou numa cobrança superior a 600 milhões de reais — 183 milhões de imposto devido, 157 milhões de juros e 274 milhões de multa. Foi resultado do Processo Administrativo Fiscal de número 18471.000858/2006-97, sob responsabilidade do auditor Alberto Sodré Zile. Como ele constatou crime contra a ordem tributária, pelo menos em tese, abriu a Representação Fiscal para Fins Penais sob o número 18471.001126/2006-14.

A existência dos processos na Receita Federal foi primeiro revelada pelo blog O Cafezinho, de Miguel do Rosário, que publicou algumas páginas da autuação (leia os documentos na íntegra no pé do post).

Desde então, blogueiros e internautas se perguntavam sobre o andamento do processo, cujo último registro oficial data de 29/12/2006. Consultas ao site da Receita revelam que ele está “em trânsito”.

Em nota oficial divulgada logo que circularam as primeiras denúncias de sonegação, a Globo disse que não tem dívidas pendentes com a Receita Federal relativas à compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Ao colunista Ricardo Feltrin, do UOL, respondeu: “Todos os procedimentos de aquisição de direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 pela TV Globo deram-se de acordo com as legislações aplicáveis, segundo nosso entendimento. Houve entendimento diferente por parte do Fisco. Este entendimento é passível de discussão, como permite a lei, mas a empresa acabou optando pelo pagamento”.

Os documentos publicados pelo blogueiro Miguel do Rosário indicam que a emissora foi autuada sob a acusação de simular investimento numa empresa das ilhas Virgens britânicas, um refúgio fiscal; desfeita a empresa, o capital foi utilizado pela Globo para pagar pelos direitos de transmissão da Copa de 2002. Segundo a Receita, a manobra tinha o objetivo de sonegar impostos.

Ainda não foi revelada a data em que a Globo criou a empresa Empire (Império, em inglês) nas ilhas Virgens britânicas. Investigação sobre corrupção na FIFA feita por um magistrado de Zug, na Suiça — que acabou afastando do futebol tanto João Havelange quanto Ricardo Teixeira, ambos por receber propina — indica que as detentoras dos direitos de rádio e TV para as Copas de 2002 e 2006 no Brasil, identificadas apenas como “companhia 2/companhia3″, fecharam contrato para a compra no dia 17.12.1998, por U$ 221 milhões.

Curiosamente, a empresa que intermediava a venda dos direitos da FIFA e que pagou propina tanto a Teixeira quanto a Havelange, na casa dos milhões de francos suiços — ISMM/ISL — também operava na ilhas Virgens britânicas, de acordo com documentos da promotoria do cantão de Zug. O acordo envolvendo os direitos da Copa de 2002 para o mercado brasileiro foi fechado entre a ISMM Investment AG e a Globo Overseas Investment BV, representando a TV Globo.

De acordo com dados disponíveis no site da Justiça Federal, a sentença do juiz Fabrício Antonio Soares para a funcionária da Receita é de 23 de janeiro de 2013. O sumiço físico dos documentos relativos à Globopar se deu no dia 2 de janeiro de 2007. Gozando de férias, Cristina Ribeiro foi ao local de trabalho e saiu com objetos volumosos. A visita fora de hora foi gravada por câmera de segurança. Colegas de escritório testemunharam contra ela.

Denunciada pelo MPF, a funcionária da Receita teve a prisão preventiva decretada no dia 12 de julho de 2007. Os cinco advogados de Cristina foram até o STF com o pedido de habeas corpus, que foi concedido por unanimidade no dia 18 de setembro. Ela deixou a prisão no dia 19. O relator do caso foi o ministro Gilmar Mendes.

Cristina foi condenada a 4 anos e 11 meses de prisão pelo sumiço da papelada e por beneficiar indevidamente outras empresas. O juiz também decidiu pela perda do cargo público. O leitor Paulo Felipe (ver nos comentários) diz que Cristina foi aposentada por invalidez. Ela recorre em liberdade. Os outros crimes pelos quais foi condenada referem-se à extinção fraudulenta, no sistema da Receita, de dívidas das empresas Mundial e Forjas Metalúrgicas, além de dificultar o acesso a processo contra a empresa P&P Porciúncula. Está claro que o padrão de atuação dela, de acordo com o MPF, era de beneficiar empresas autuadas.

Ao longo do processo, Cristina negou todas as acusações.

[Quer outras reportagens investigativas? Ajude-nos assinando o Viomundo]

O blogueiro Rodrigo Vianna, depois de manter contato com duas fontes que acompanham de perto o caso, no Rio de Janeiro, especulou que o vazamento da investigação da Receita Federal poderia revelar detalhes embaraçosos sobre os negócios da família Marinho, uma “bomba atômica”.

As investigações dos internautas — como está claro nos comentários abaixo — prosseguem e acrescentam novas pistas sobre o escândalo.

PS do Viomundo: *Texto emendado ao longo das últimas horas para acréscimo de informações.


Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes: Globo tem bens bloqueados

Viomundo antecipa, com exclusividade, coluna que será publicada pelo jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte:

Amaury Ribeiro JR e Rodrigo Lopes

A Globopar, empresa ligada à TV Globo, está com parte de suas contas bancárias e bens bloqueados, devido a um dívida ativa de R$ 178 milhões com o Tesouro Nacional. De acordo com documentos conseguidos pelo Hoje em Dia na Justiça Federal do Rio de Janeiro, a dívida inscrita no cadastro de inadimplentes federais foi originada por várias sonegações de impostos federais.
Por solicitação da Procuradoria da Fazenda Nacional do Rio de Janeiro, as contas bancárias da Infoglobo e a da empresa Globo LTDA também chegaram a ser bloqueadas. Mas os irmãos Marinho – Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto – conseguiram autorização da Justiça para liberar o bens dessas duas últimas empresas no mês passado, na 26ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Inadimplente
A dívida da Globopar, no entanto, já está inscrita no cadastro de inadimplentes do Tesouro Nacional, em fase de execução. Na semana passada, a Globo conseguiu adiar a entrega de seu patrimônio ao tesouro até que o processo transite em julgado.
Hoje em Dia também teve acesso ao processo que apurou o sumiço do inquérito de sonegação da Organizações Globo na compra dos direitos da transmissão da Copa de 2002.

Receita Federal
Um documento enviado pela Receita à Justiça em 2010 comprova, ao contrário do que a emissora divulgou, que a dívida de R$ 600 milhões nunca foi paga. A papelada comprova ainda que o Ministério Público Federal ao ser avisado sobre operações de lavagem de dinheiro entre a Globo e a Fifa nas Ilhas Virgens Britânicas prevaricou muito.

Omissão
Ao invés de solicitar investigação à Polícia Federal, preferiu emitir um parecer que atesta não ter ocorrido nenhum ato ilícito nas transações nas Ilhas Virgens. Um inquérito criminal contra os irmãos Marinho chegou a ser instaurado, mas também sumiu das dependências da Receita Federal.
Não bastasse toda essa confusão, a Globopar continua sonegando. E como nunca. Nos últimos dois anos, a empresa foi notificada 776 vezes pela Receita Federal por sonegação fiscal.

Equipamentos
A maior parte dessas autuações envolve a apreensão de equipamentos, sem o recolhimento de impostos, no aeroporto do Galeão, no Rio De Janeiro. Para um bom entendedor a Globopar é uma empresa contumaz na prática do descaminho.

Verba publicitária
O ministério da Comunicação do governo Dilma Rousseff e os demais governantes desatentos liberaram verba para empresa inadimplente com a União, o que constitui-se ato de improbidade administrativa. A liberação pode ser comprovada no site do Ministério da Fazenda.


RECEITA NOTIFICOU GLOBO 776 VEZES EM DOIS ANOS

Estarrecedor: Receita notificou Globo 776 vezes em dois anos!


A matéria assinada por Amaury Ribeiro e Rodrigo Lopes no jornal Hoje em Dia, de Minas, que circulará na manhã de hoje – e que foi antecipada pelo Viomundo, de Luiz Carlos Azenha é de deixar escandalizados mesmo aqueles que sabem que a Globo é uma máquina de fraude.
A empresa dos Marinho recebeu 776 notificações da Receita Federal nos últimos dois anos, segundo a reportagem. Ou mais de 11 notificações por semana.
Extrapola qualquer situação aceitável, quando uma empresa recebe uma, duas, uma dúzia que seja, de notificações fiscais, compreensìveis dentro de uma atividade comercial.
776 notificações em dois anos só podem ocorrer quando há uma máquina de sonegação, montada para elidir, escapar e fraudar obrigações tributárias.
Mais: a empresa se vale da holding Globopar para deixar “limpas” as subsidiárias que recolhem mais dinheiro público na forma de publicidade oficial, que não pode, por lei, ser contratada em veículos que estão inadimplentes com o Tesouro.
E o Ministério Público está estarrecido porque Miguel do Rosário publicou a representação de um fiscal da Receita pedindo uma ação penal contra a Globo por sonegar R$ 615 milhões!
Os doutores do “persecutio criminis” estão muito ocupados procurando uma brecha para processar os blogueiros que revelam isso, porque sabem que estão em situação confortável por termos uma imprensa canalha que silencia diante disso e que os protege quando se trata de condenar sua inação – não, meus doutos senhores, os senhores não vão vão me pegar por uma palavra, porque este é meu ofìcio, como defender o povo é, ou deveria ser, o seu – diante da condestável do podre capitalismo brasileiro, a Imperatriz do Jardim Botânico.
Perdoem-me os leitores se escrevo com indignação, mas é que falta indignação neste país.
Dependesse ne nossas instituições e Rupert Murdoch receberia aqui rapapés e títulos honoríficos.
É de despertar o nojo cívico em qualquer um que ache que a lei é para todos e que as instituições deste país são republicanas.
Por: Fernando Brito

De "frutos proibidos" e de transferência de culpa


disponível em:

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Fanatismo? Onde? Quem?


Poesia de mau gosto...kkk


domingo, 7 de abril de 2013

Parábola sobre a conversa de Jesus e o Satanás no alto do Templo

Osvaldo Luiz Ribeiro



Um dia, o tal do Satanás de rabo e chifre levou Jesus até o alto do Templo de Jerusalém e, fazendo com que o Filho de Deus visse todos os reinos da terra e a glória deles, disse-lhe:

_ Jesus, se você se prostrar diante de mim, eu te dou isso tudo aí: reinos, poder e riquezas...

Jesus se riu. Não, o Evangelho não conta, mas eu conto, de fonte insuspeitável: Jesus se riu. 

_ Meu caro Satanás dos chifres e cascos... Não tenho pressa: daqui a poucos anos meus seguidores tomarão para mim tudo isso, sem que eu tenha que me curvar diante de você...

_ Sim, eu sei, respondeu o diabo, todavia, posso te dar sem os genocídios...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O futuro da religião? (soneto)

Handall Fabrício Martins


Existem muitas fases num degredo:
Convicção, confusão (!), fé (?!) e esperança (!),
má dicção, contusão... E o pé avança...
Persistem muitas faces num segredo:

Evicção, concussão; sé e abastança.
Resistem muitas bases num rochedo,
desistem muitos ases, em seu medo:
Contrição, obstrução; ré e governança.

Fantasmas assombram de todo lado,
quiasmas soçobram ao som do brado.
As palavras carecem de sentido,

muitas "lavras" fenecem no escondido...
Argumentos cessam num rito mudo. 
(...)
Excrementos restam, ornando tudo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Quando teu cristianismo é pecado

Osvaldo Luiz Ribeiro

(disponível em:


1. Se o teu Cristianismo faz com que você pense dele ser a única religião e você o único religioso que têm valor, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

2. Se o teu Cristianismo faz com que você pense que doutrinas significam alguma coisa, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

3. Se o teu Cristianismo faz com que você acredite mesmo que um jorro de emoções te livra das responsabilidades políticas e sociais de um cidadão, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

4. Se o teu Cristianismo faz com que você pense que há homens melhores do que outros, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

5. Se o teu Cristianismo faz você pensar que os deuses das outras pessoas são nada ou, pior ainda, demônios, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

6. Se o teu Cristianismo faz você pensar que o fato de serem gays impede aos gays de serem boas pessoas, bons cidadãos e bons religiosos, muitas vezes melhores do que você mesmo, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

7. Se o teu Cristianismo faz você jogar no inferno pessoas que não fazem mal algum a ninguém, que apenas expressam a sua sexualidade de forma própria, livre e em comum acordo com outro ser humano igualmente inclinado, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

8. Se o teu Cristianismo faz você citar versos bíblicos contra os outros, quaisquer que sejam esses versos, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

9. Se o teu Cristianismo fez de você essa pessoa religiosa e insensível, beata e incompassiva, crente e sem coração, o teu Cristianismo é pecado e faz você pecar. E você peca com gosto!

10. Teu Cristianismo é pecado. Peca contra a humanidade. Peca contra você. Peca contra ele mesmo.

sábado, 2 de março de 2013

Sobre o que é "Igreja" pra mim, atualmente

Sabe o que os templos religiosos se tornaram pra mim? Pontos de referência. Assim: "sabe onde fica tal lugar?" "Ah, sei sim, fica perto da igreja tal". E nem vou entrar aqui na discussão de quais igrejas eu considero pelo menos assim, pois mais de noventa por cento das que se dizem igrejas, pra mim, não passam de botecos religiosos. Ou seja, não servem nem de ponto de referência, a não ser se for pra dizer pra alguém: "passe de largo".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Da re-significação do Novo Testamento

Porque compartilhar coisa boa nunca é demais. Outro texto do Prof. Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro, disponível em: http://peroratio.blogspot.com.br/2013/02/2013103-da-re-significacao-do-novo.html

1. A linguagem do Novo Testamento é "sacramental", mágico-mitológica, mítico-fantástica. Não tem a dimensão subjetiva (relativa ao sujeito) que emprestamos a ela após a era protestante.

2. Isso traz consequências?

3. Claro. Quando se diz que se alguém (José Adriano diz que se deve ler "algo" e não "alguém") está em Cristo, nova criatura é, não se está dizendo, lá e então, que uma transformação subjetiva, psicológica e existencial se dá no sujeito - está-se dizendo que ele apenas entrou em uma nova era, uma nova criação - e é isso que significa o batismo: sair das águas cosmogônicas...

4. Quando se diz que se o sujeito - o sujeito homem - crer no Senhor Jesus será salvo ele e a casa dele, não se está a dizer que, se ele crer e, então, testemunhar, uma a uma as pessoas da família dele se converterão. Não é nada disso - é apenas a declaração cultural de que ele é o pai de família e único sujeito de direito nessa história: ele "crendo" - na verdade, aderindo, todos vão junto...

5. Na verdade, não se prega mais o Novo Testamento. A fé cristã, hoje, é outra, completamente diferente da fé do Novo Testamento - as palavras são as mesmas, mas o sentido é completamente diferente.

6. Já re-significamos tudo.

7. Os tradicionais, os ortodoxos, os crentes na Bíblia, repetem tradição - e sequer dão conta disso.

8. Se eles pregassem para Paulo - e, pior ainda, para Jesus - não seriam sequer reconhecidos...

9. Já é outra fé, outra doutrina, é mesmo outra religião...

10. Até no amor, porque amor, no Novo Testamento, nunca foi gostar de - era outra coisa.

De Adão e Eva, a queda e releituras filosóficas do mito


Outro excelente texto do Prof. Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro, disponível em:

1. Desde Agostinho, pelo menos, assumisse uma colagem entre a Queda, em Platão, e a Queda, em Gênesis 3 - a expulsão de Adão e Eva do Jardim é lida como a encenação do conceito de Queda em Platão, de modo que a Queda, na condição de pecado original da humanidade, passa a ser a pedra angular da fé - a doutrina que não pode ser suprimida, ou não se sabe o que se faz com Jesus.

2. Desde o século XIX, uma indisposição de caráter filosófico opera nas mentes teológicas menos fundamentalistas, mas, no fundo, ainda vinculadas existencialmente ao mito...

3. Tudo bem, raciocinam, é mito, mas, sob o mito, eis como argumentam, está uma "verdade": o homem é um ser caído, perdido, e precisa salvar-se...

4. Ouvir teólogos barthianos falando da Queda e do pecado original já me causa indisposição física. Ouvir teólogos progressistas fazerem o mesmo, mas como se falassem de algo mais profundo e não mitológico, dá-me é vontade de sair correndo...

5. Não é preciso ir a Gênesis 3 para compreender a espécie. Mas, se é para ir lá, então convém tentar compreender é o próprio texto, e não a espécie, que o texto nada tem a ver com ela...

6. Gênesis 3 não fala da humanidade - fala de judeus camponeses. Trata-se, a meu ver, de uma narrativa sacerdotal, cuja função é dar a base teológica para a implantação do sacrifício de animais no templo.

7. Adão e Eva representam os camponeses judeus - por isso, o castigo é o trabalho no campo, coisa que reis não fazem, muito menos sacerdotes. Malditos são os camponeses e suas mulheres...

8. Seu crime? Querer decidir por conta própria: saber o que é bom e o que é mau, decidir por si mesmo o que é bom e o que é mau. Ser como os deuses, donos de si mesmos...

9. Deus, controlado pelos sacerdotes, porque Deus é sempre controlado por alguém, os condena e castiga - e a indicação de que a saída, agora, é matar animais para aplacar a ira de Deus está no fato de que Deus rejeita suas roupas de folhas, como rejeitará a oferta agrária de Abel, e matando um animal, faz-lhes roupas de pele...

10. Trata-se de um texto mau, político e etiológico.

11. Político, porque põe os sacerdotes sobre o controle de Deus e, por meio dele, dos camponeses.

12. Mau, porque trata os camponeses como malditos de Deus.

13. Etiológico, porque explica que o camponês deve fazer sacrifícios no templo porque é maldito de Deus.

14. Não se salva nada aí - exceto a serpente: que indica que houve quem lutasse contra essa teologia sacerdotal e postulasse aos camponeses que fossem eles mesmos donos de suas vidas...

15. Quando se assume esse texto como mito, mas se tenta salvá-lo, vendo aí alguma verdade profunda da humanidade, apenas se disfarça a maldade fundamental que o plasmou - e, a despeito de toda boa vontade, põe-se ao lado do sacerdote mau e faz de todos nós irmãos de maldição...

16. A única coisa a fazer diante desse texto é desmontá-lo e denudá-lo - fazer-se serpente.

17. Caso contrário, das duas, uma: ou você é Adão ou Eva, ou é o sacerdote.


18. É como leio.

O homem das cavernas e as cavernas em que ele ainda está


Texto do Prof. Dr. Osvaldo Luiz Ribeiro, disponível em: 

1. O homem saiu das cavernas há alguns milênios. Morou nelas, comeu, dormiu, amou, fez are e fez religião lá. E saiu.

2. Saiu porque descobriu-se - inventou-se - Homo faber. Olhou para sua caverna e pensou consigo: posso fazer isso eu mesmo, e com uma vantagem: onde eu quiser...

3. E fez. Criou casas, cabanas, iglus. Passou a viver ele mesmo nas cavernas que ele criou.

4. Já era religioso, aí, mas, nesse dias, os deuses tornaram-se criadores...

5. Os deuses não eram criadores antes, poque os deuses só fazem coisas que os homens sabem fazer ou pensam ser possível. Uma vez que os homens não fabricavam coisas, casas, os deuses, da mesma forma, não o faziam...

6. Mas os homens aprenderam a fazer, e isso imediatamente projetou-se nos deuses...

7. Mudou, assim, esse aspecto da religião, mas ela mesma permaneceu a mesma...

8. Ela, a grande caverna dentro da qual os homens vivem desde que a inventaram...

9. Ah, sim, a religião é, de fato, uma grande construção humana, sua caverna mais primitiva. Eles a tomam como uma caverna que lá estava antes mesmo deles - mas não é verdade: eles, os homens, a criaram, e vivem nela, todavia, como se ela estivesse lá desde sempre e antes deles...

10. Assim como os homens inventaram suas casas, seus iglus, suas cabanas, mais cedo ou mais tarde, re-inventaremos essa grande caverna religião. Sairemos dela, como saímos da caverna antiga, e nos mudaremos para novas cavernas, também criadas por nós.

11. Talvez seja essa a última grande caverna, da qual ainda não saímos.

12. Talvez seja necessário o surgimento de ferreiros e pedreiros de um novo tipo...

13. Mas eu sinto que esse momento se aproxima...

14. Ainda será uma casa, uma caverna, onde moraremos - mas nós teremos tomado a consciência não iludível de que é nossa, porque nós a criamos para nós mesmos - e do jeito que nós desejamos.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

domingo, 20 de janeiro de 2013

Saúde!

Faço minhas as palavras da musa do rock nacional, Rita Lee.

Saúde
(Rita Lee e Roberto de Carvalho)

Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor

Mas ninguém sai de cima, nesse chove-não-molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim

Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais

Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz

Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar, não!
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais

Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz 

Vídeo e música disponíveis em:
http://www.youtube.com/watch?v=dGRhPoDofoc