"Falar com 'Deus' é oração (?!); já ouvi-lo responder... é esquizofrenia."

terça-feira, 15 de junho de 2010

Faça o que eu digo, (e) (não) (re-)faça o que eu faço

Handall Fabrício Martins


“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (Paulo, apóstolo dos gentios).

“O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre” (Jesus, o Cristo).


Sobre o ofício de mestre


Talvez nem seja “apenas” um ofício. Às vezes, penso, tem de ser um sacerdócio.

Nessa minha ainda curta carreira de estudante, já pude constatar algumas coisas a respeito de ser ou não ser “mestre”, na plena acepção do termo (“plena”(?!); hum, bem, não sou nenhum “Qohelet”, mas, em todo caso...). Hoje, como dizem lá pelas bandas do Ceará, tenho uma certeza: “só sendo mesmo”.

Nesse sentido, eu consigo – ou preciso – fazer uma distinção entre “dar aulas”, “ser professor” e “ser mestre”. Dar aulas é algo relativamente fácil: é “só” dominar o conteúdo e a linguagem específica aplicável a ele. Para ser professor, “o buraco é mais embaixo” – faz-se necessário saber dar aulas, bem como ter a didática necessária para que o aluno, de fato, aprenda (=reproduza?) o conteúdo abordado. Já para ser mestre...

O mestre até pode, eventualmente, dar aulas e, mesmo, ser um professor. No entanto, seu diferencial está no fato de que ele ensina sem necessidade do discurso verbal. Ele não precisa abrir a boca pra falar e, a partir disso, instruir. Suas ações falam por ele. Vejamos o exemplo de Jesus. Ele – bem ao estilo oriental-hebraico – usava e abusava das parábolas. Essas estórias, no mais das vezes, nem eram entendidas por todos. Na verdade, poucos as compreendiam. A maioria não apurava sentido algum em suas palavras. Como dizemos, ficavam “boiando”. Daí, o exemplo prático de Jesus em situações concretas da vida cotidiana vinha corroborar, ou mesmo revelar a lição do Mestre.

Quem dá aulas, normalmente está interessado apenas em receber a contrapartida financeira que tal atividade lhe confere. Já o professor possui uma sincera preocupação com o aprendizado do aluno, no sentido de que este possa saber aplicar o conhecimento adquirido na escola ou em suas atividades profissionais ou na busca da qualificação para elas. É algo importante, mas de caráter utilitário, pragmático. E o mestre..., ah, o mestre... este, sim, almeja que os que o buscam atinjam o grau de maturidade necessário para viverem uma vida que faça a diferença na vida de outros, assim como a do mestre fez primeiramente na deles.

Para um mestre, o verdadeiro aprendizado acontece no silêncio das palavras, a fim de que o fragor das atitudes abale as estruturas dos espíritos.


Um comentário:

  1. Fantástico, precisamos de mais textos iluminados como este.

    Forte Abraço.

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